quinta-feira, 3 de março de 2011

A Feijoada

Era uma vez, um homem que tinha paixão desenfreada por uma feijoada. Não importava se fosse a carioca, a baiana etc. Ele realmente adorava isto, apesar de frequentemente causar-lhe gases. Um dia ele conheceu uma bela jovem por quem caiu de amores, acabando por propor-lhe casamento. A moça cedo percebeu as preferências gastronômicas do rapaz e respondeu que não conseguiria viver em tal ambiente. O jovem, desesperado, fez o supremo sacrifício de sua vida: deixou de comer feijoada.
Logo em seguida, casaram-se.
Alguns meses mais tarde, o feliz marido volta do trabalho para casa. Teve um problema mecânico no carro que o deixou a pé. Rapidamente telefonou para casa, avisando que chegaria um pouco mais tarde, visto que voltaria a pé. No caminho, ao passar de fronte a um restaurante, sentiu o saudoso aroma da feijoada fresca, que peneirou em sua alma. Lembrando que teria alguns quilômetros para caminhar até chegar em casa, pensou que todo e qualquer efeito que a feijoada causasse, cessaria antes de chegar ao lar. Sem vacilar entrou no restaurante, encomendou e comeu três feijoadas completas. Depois de matar a saudade, retornou ao rumo de casa e conforme suas previsões, os efeitos gasosos logo se manifestaram durante praticamente todo o longo trajeto, o que o deixou seguro que tudo havia terminado.
A esposa parecia ligeiramente agitada. Quando o viu exclamou carinhosamente: "Querido, tenho uma maravilhosa surpresa para o jantar desta noite". Com um lenço vedou-lhe os olhos e levou-o até a cabeceira da mesa de jantar.
Ajudou-o a sentar e quando estava prestes a desvendar-lhe os olhos, o telefone tocou. Ela fez o marido prometer que não tiraria o lenço até a volta e foi atender o telefone. Aproveitando a ausência da mulher e sentindo os efeitos da feijoada, inclinou ligeiramente o corpo para a direita, levantando a perna esquerda e deixou escapar vagarosamente o maldito gás que além de vir barulhento era fedido. Pegou o guardanapo que estava sobre o colo e abanou o ar ao seu redor numa tentativa de dissipar o cheiro. As coisas pareciam ter voltado ao normal quando subitamente sentiu que mais um estava por vir. Deixou prazerosamente escapar o vento, e desta vez surpreendeu-se com a vigorosidade do gás, que realmente era digno de um grande prêmio. Prestando atenção ao telefone foi se desfazendo do restante de sua gasosa filosofia até que as saudações e despedidas no telefone terminaram.
Recolocou o guardanapo sobre o colo, deixou as mãos descansando e, com um sorriso de satisfeito esperou pela esposa. Desculpando-se pela demora, ela perguntou se havia mantido a promessa de não retirar a venda. Ele confirmou solenemente. Nesse ponto ela removeu a venda dos olhos do espantado marido que constatou a surpresa: onze convidados estavam sentados a mesa para a festa de aniversário de sua mulher.

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